Perceber a obra de Kiko Dinucci através
do coração.
Assim recomendo a leitura visual das
xilogravuras aqui expostas. E deve-se ter um coração enorme nesta hora pois são
sete sentidos, sete emblemas fortíssimos, sete motivos para entendermos a
profunda relação da imagem no comando das emoções emanadas pela tradição
revisitada, contendo traços de urbanidade nos grafismos que alto-contrastam com
cores chapadas da cultura popular.
Uma prática quase expressionista do
universo deste artista que transita flutuante entre a música, as artes
plásticas e a macumba, propondo em todas as três, uma interpretação pessoal
intuitiva de vivência e crença interior que defende o irracional, o
arrebatamento e temas ainda ditos como proibidos: o excitante, diabólico, sexual
e perverso.
Permita-se ainda viajar na idéia de
pura conexão entre a temática e a técnica utilizada. O corte contundente na
madeira reforçaria a idéia de gravar, impregnar com tinta e também multiplicar
na memória alheia este imaginário fantástico da iconografia afro-religiosa.
A comunicação intensa com o misterioso
é o que, de fato, guia este processo construtivo de autenticidade estética.
Para visitar de corpo e mente aberta
para as boas vibrações.
Mostra apresentada no LÁLÁ Casa de Artes em Salvador, Bahia)
Andrea May, curadora e artista visual
(Setembro de 2014)
(Setembro de 2014)